Para celebrar os 470 anos da cidade de São Paulo, confira o legado arquitetônico e cultural que Oscar Americano deixou não apenas para a capital paulista, mas para todo o Brasil

 

Parque

Foto: Reprodução site Fundação Maria Luisa e Oscar Americano

 

Em 25 de janeiro, a cidade de São Paulo comemorou 470 anos. Reconhecida como um dos maiores centros culturais da América Latina, é o município brasileiro com maior número de museus – e um dos dez em todo o mundo, segundo relatório elaborado pela prefeitura de Londres, em 2022.

 

Constituindo seu amplo patrimônio cultural paulistano está a Fundação Maria Luisa e Oscar Americano, localizada no bairro Morumbi, que reúne um museu com acervo rico em obras de diferentes períodos da história brasileira e um extenso parque repleto de espécies da Mata Atlântica, considerado uma das mais importantes reservas ecológicas da cidade.

 

O produtor executivo da Fundação, Érico Vital Brazil, acredita que datas como o aniversário de São Paulo servem para renovarmos as expectativas quanto à preservação de um patrimônio cultural, artístico e arquitetônico. "A casa e o parque constituem-se em um conjunto que é um ícone do modernismo, período de grande valorização da arte e da arquitetura brasileira", afirma Érico. "Ao preservar esse patrimônio, a Fundação presenteia não apenas a cidade de São Paulo, mas todo o país", acrescenta.

 

Patrimônio artístico-arquitetônico modernista

 

Conjunto artístico-arquitetônico expressivo do período modernista, a sede da Fundação Maria Luisa e Oscar Americano foi aberta ao público em 1980, tendo como coleção inicial objetos de arte, pinturas e móveis pertencentes à família Americano.

 

Com o tempo, foram sendo incorporadas peças de diferentes épocas da história do Brasil, incluindo obras dos principais mestres do modernismo, como Portinari e Di Cavalcanti. Dentre os itens raros do acervo, está uma coleção do pintor holandês do século XVII Frans Post, que consiste em oito telas com paisagens de Pernambuco as quais estão entre as primeiras imagens das Américas feitas por um europeu.

 

Para além do acervo, a própria arquitetura da Fundação consiste em um importante patrimônio. Tombado pela Prefeitura de São Paulo em 2018, o espaço conta com o trabalho de Oswaldo Arthur Bratke, um dos principais nomes da arquitetura moderna paulista, e com o paisagismo de Teixeira Mendes – que também elaborou e executou o projeto paisagístico do Parque Ibirapuera –, além de todo o mosaico que decora o chão debaixo da marquise da casa de autoria do artista paulistano Lívio Abramo, um dos maiores representantes da gravura no Brasil.

 

"O projeto paisagístico de Teixeira Mendes na residência da família Americano representa um marco no modernismo paulista", afirma Luís Henrique Rodrigues, educador da Fundação. "A partir do desenho e dos ideais modernistas que foram inseridos no projeto, como a valorização daquilo que é nacional, temos o testemunho do momento em que Teixeira Mendes encontra a sua maior liberdade artística, resultando em um parque em que a mata atlântica é resgatada e valorizada, servindo como um refúgio em meio ao Morumbi", explica o educador.

 

O legado de Oscar Americano

 

Nascido em 1908, Oscar Americano foi um engenheiro formado na Universidade Presbiteriana Mackenzie em 1931 que atuou em sua profissão até sua morte, em 1974. Em todas essas décadas, contribuiu profundamente para o desenvolvimento da cidade de São Paulo.

 

Com o avanço da urbanização, Oscar Americano se especializou no ramo da engenharia pesada, o que resultou em projetos de grande importância para São Paulo, como a Rodovia dos Imigrantes, a Rodovia Anchieta e a Rodovia Castelo Branco. Também atuou no desenvolvimento das ferrovias no estado de São Paulo e foi responsável por planejar bairros nas regiões leste, sul e oeste de São Paulo, como o Paineiras do Morumbi e a região do Morumbizinho, na zona leste de São Paulo, localizada próxima ao Parque do Carmo, antiga propriedade da família Americano.

 

"O maior legado de Oscar Americano para a cidade de São Paulo, além da doação do conjunto arquitetônico que constitui a Fundação, foram os avanços implementados em várias regiões da cidade a partir de sua empresa, a Companhia Brasileira de Projetos e Obras (CBPO), que utilizou conceitos modernos de urbanização e desenvolvimento", afirma Luís Henrique Rodrigues. "Após a morte de seu fundador, a CBPO foi responsável por projetos importantes como as obras das estações da Linha 1-Azul e Linha 2-Verde do metrô de São Paulo, o que evidencia a consolidação de Oscar Americano como uma das figuras centrais para o desenvolvimento da cidade", conclui o educador.

 

Fundação Maria Luisa e Oscar Americano – Criada em 1974, dois anos após o falecimento de Maria Luisa, a organização é uma contribuição de Oscar Americano à capital do estado. Além da casa em que viveram com os filhos durante 20 anos, a coleção de obras de arte e o extenso parque também foram disponibilizados para a cultura e o lazer dos moradores da cidade de São Paulo. Hoje, essa fundação artístico-cultural oferece ao público visitas guiadas, concertos, exposições, cursos e várias atividades culturais, focadas na história do nosso país e nas diversas fases que constituem o Brasil – o objetivo cultural e socioeducativo da Fundação Maria Luisa e Oscar Americano é o seu legado. Mais informações: https://www.fundacaooscaramericano.org.br

 

Pin It